sábado, 21 de maio de 2011

Júnior de Julho


Num desses agostos da história
Nas ruas por onde ando
Um rosto diferente de tão sujo
Quase um verde musgo
              
Num desses dias ensolarados
Quase completos
Com a cara de Deus
Meu olho se perdeu num olhar verde mar

Quis pagar pra ver
As pessoas não são só um rosto
Coisa de agosto

Num papo longo
Como o mês de agosto
Uma cabeça por baixo do verde musgo
Em contraste com o verde mar

Tinha história
Pensamento
Seus lamentos
Pouco banho
Cheiro azedo
Voz doce

Júnior
De julho
De qualquer ano
De qualquer dia
Estava ali
Não precisava de data

Precisava de ato
Precisava crescer
Precisava o
Júnior de julho

Morreu em setembro
De qualquer ano
Sem pai, nem mãe
Com pátria
Armada
Desamada
Desajeitada

Num país de tantos verdes
matas
mar
Quem iria notar um verde a mais
Vivo ou morto era só mais um verde
Musgo e de mar

Nosso país pode ter cara nova
De outro jeito
Nosso país pode ser pátria
Para tantos Júnior de julho
Percebidos antes de agosto
Para que não morram em setembro.



Texto: Cláudia Zimmermann

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