sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Grego, um amigo lindo!

Dia 21 de dezembro morreu uma figurinha muito importante pra mim.
Não sou muito chegada a fazer distinções entre seres humanos e os demais, afinal acredito sermos todos figuras de Deus. Oriundos do divino pelo menos ( e então cada um convoca o Deus que quiser). Para mim todos os seres vivos são parte de uma mesma existência, participam de um mesmo tempo de mundo e são imprescindíveis para alguém e por algum motivo durante um tempo, dada a nossa finitude, nem que seja pela cadeia alimentar.
Quero falar do Titico para os íntimos e do Guego que na verdade se chamou Grego.
Viveu durante 16 anos, 09 meses e 21 dias. Tive o prazer de conhecê - lo quando tinha perto de dois anos acho. Já nem lembro bem, mas são anos que tenho uma irmã que o coração elegeu e que foi dona do Grego. Eu sempre o chamei de Guego da Táta dele.
Enfim, fiquei muito triste com a sua partida no dia 21. Ele foi um grande lutador, exemplo mesmo de como se deve lutar pela vida. Estava meio doentinho, mas se recuperava como fez até o dia em que foi vencido pelo calor associado a falta de ar. Lutava bravamente para continuar participando da vida de nós todos que o rodeávamos.
Nos últimos meses foi mais paparicado que nunca, afinal, além de mimado e muito bem cuidado ele estava velhinho e precisando de cuidados especiais.
O fato é que mais uma lição eu consegui tirar do convívio com ele. Devemos saber entender nossas limitações. Ele sabia no final que já não tinha muitas forças, então só gritava mesmo quando estava insuportável ,senão ficava quieto e calmo esperando que alguém pudesse ajudá - lo. Aprendi demais. Até conhecê - lo gostava de cachorro mas não tinha prestado atenção neles, gostava portanto, até a página dois.
Hoje sei que gostar mesmo de um animal é prestar atenção à sua linguagem e como se comunica conosco. E o faz sempre e cada vez mais quando percebe que é priorizado em algum momento. E quanto mais importante se sente, mais devolve em relação, convivência, respostas.
O Guego afinal me ensinou tanto que nos últimos dois dias tenho conseguido lembrar de antigas cenas que foram significativas de momentos diversos. Apesar de ser triste é rico e eu sou rica. Tenho muita coisa para lembrar diferentemente de muita gente que não presta atenção nos "bichos".
Lamentei sua partida porque sempre que a morte vem, nos encontramos com a nossa finitude e com a sensação de que infelizmente é como a música: " sei que nada será como antes amanhã. Que notícia me dão dos amigos, que notícias me dão de você".
Chega um tempo na vida da gente em que não temos mais notícias, somos uma revista repleta de lembranças. Página por página foleadas de muita saudade e de muitas lembranças de momentos felizes que não podem voltar mais. Não há como pagar, nem como apertar um botão de replay, nem voltar a fita, nem fazer nada, nem como chamar um técnico. Portanto, é um momento da vida em que nos encontramos com a nossa desimportância e com nossa falsa ideia de que temos o controle.
A morte nos leva para nossa vida real. Não temos controle sobre quase nada. Somos um grão de areia temendo o sopro do criador que pode nos varrer para sempre desse lugar de conforto. Mais uma vez o Greguinho me leva longe a pensar e a rever coisas e importâncias.
Eu gostava de dar picolé para o Grego nos muitos verões que pudemos passar próximos e juntos. Ele chupava picolé como ninguém. E nas refeições notei com ele e depois reparei em todos os cachorros, dos grandes aos minúsculos. Cachorro come primeiro aquilo que mais gosta. Nós humanos idiotamente deixamos o que mais gostamos para o final da refeição. Eles não! Saboreiam o mais delicioso primeiro, depois empurram o resto. Se não couber nem comem tudo porque afinal o melhor já foi. Passei a agir da mesma forma.
E a determinação canina então? Eles tem todo tempo do mundo quando querem algo e ninguérm os engana. Se eles quiserem fazem de conta que esqueceram, mas não esqueceram não. Enquanto querem algo, sabem pedir. Normalmente sentam - se próximo do seu objeto de desejo e aguardam até obte - lo.
E quando chega alguém de quem realmente gostam? Festa, muita festa! E quando não gostam? Indiferença pura, sem falsidade. Genuinamente honestos.
E sua alegria?
O Greguinho sempre foi muito inteligente. Sua inteligêncxia era realmente algo interessante. Tanto que tenho a minha cachorra que é muito inteligente também, mas nem perto do Grego.
Ele foi muito especial.
Do começo ao fim.
Sei que a minha amiga está triste e que queria mais dele. Todos que gostávamos dele queríamos. O fato é que tudo que é bom, dura pouco. Esse chavão é verdadeiro. Por que é muito bom, normalmente queremos mais. Mas temos que ter a generosidade no caso dos animais que amamos, de desejar que eles estejam bem. Nesse aspecto não tenho dúvida, ele está muito bem. Nós também precisamos ficar, afinal, tivemos o privilégio de na vida, gostar de "bichos". E de tê - los tão especiais. Saiba minha amiga irmã que ele só pôde ser tão especial porque conviveu com você que também é especial demais. E eu sempre feliz apesar de triste por ter o privilégio de participar.

2 comentários:

  1. obrigado pelo carinho nós agradecemos, bia e Eu estamos tristes sim mas sabemos que ele esta bem mais feliz, sem dor nem sofrimento.Ah! e junto da Melzinha que tanto adorava.

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