quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Grande Coisa!

O comercial da Hope com Gisele Bündchem transformou a vida da Ministra Iriny Lopes num problema. A frente da pasta que trata de assuntos das mulheres, ela tem status de ministro na Secretaria de Políticas para as Mulheres.
Iriny teve uma fala desnecessária acerca da propaganda. Pediu para o CONAR se manifestar quanto a suspensão da propaganda, caso do órgão avalie que a publicidade coloca a mulher em condição de subalternidade. 
Assistam a propaganda.
Fiz isso com atenção e cheguei a conclusão de que a ministra está sem o menor senso de humor. A situação mais vexatória é de um homem gordinho com uma sunga absurda. A propaganda não é um primor. Na verdade tem coisa muito melhor no mercado, mas muito melhor mesmo.
Daí a tentar tomar providência é demais!! Mal gosto não se discute, lamenta - se. Além disso é uma questão tão particular! E calcinha também, diga - se de passagem que a publicidade é de calcinhas. Esclareço para quem não reconheceu a marca no início do texto! 
Esse tipo de atitude exagerada e meio destemperada de autoridades, muitas vezes é fruto do adoecimento de pessoas que lidam com situações limite e relativas a violência.Passam a ver pelo em ovo, problema em tudo.
Para situações assim tem uma medicação nova e moderna: chama - se diversão. É preciso relaxar para não pirar! O drama que vive a mulher no Brasil adoece mesmo. Isso não desculpa o exagero!
A ministra quando se viu acuada sendo taxada de censora disse que apenas fez uma consulta ao órgão de propaganda e ela havia se sentido censurada. Sem palavras não é mesmo? Para situações assim meu pai tem uma frase ótima: "é melhor ver isso que ser cego" ou então "é melhor escutar isso que ser surdo". Não tomem como preconceito por favor. 
Mas convenhamos que chamar a mulher de censora numa democracia é transformá - la em alguém poderosa demais! Por favor, autoridade também opina e fala bobagens.
De certa forma a imprensa acaba fazendo uma campanhazinha ignorante e preconceituosa afirmando que o governo quer a censura.
Temos que acordar para essa gente anti petista! Que coisa mais cafona isso! Coisa de gente que acreditava que os comunistas comiam crianças, parece a última campanha do Serra que era nessa linha. São vários partidos e vários políticos e que fazem o mesmo jogo antigo e démodé.
Falam tanto da corrupção do PT.  E a corrupção do DEM e a do PSDB? Corrupção envolve todos os partidos e todos os governos municipais e estaduais. Nem sempre aparece, aliás quanto menos aparece maior o nível de corrupção. Sem dúvida "paz sem voz, não é paz, é medo".
A ministra das calcinhas foi infeliz e usou abusivamente seu direito a voz! Nada mais. Vamos parar de ver tanta sombra em pleno meio dia. Além do mais a Dilma que poderia censurar algo, dependeria de tantos outros. Não acredito que alguém que verdadeiramente luta pela democracia brasileira  como ela, pagando o preço alto da tortura contra si, teria o desejo de estabelecer a não democracia ou qualquer forma de ditadura.
Mais fácil que os que se vangloriam de terem lutado na ditadura façam isso. Afinal, tantos que alegam uma luta em favor da democracia e da liberdade e igualdade fazem uso de tantas coisas escusas e são tão pouco democráticas! Que eu saiba esse governo, o da Dilma, tem sido bastante intolerante com gente corrupta. Com gente que quer apenas levar vantagens com a máquina pública. Ao invés de aplaudirmos isso, alguns aproveitam a história da calcinha da ministra ou do sutiã dela ou da Gisele, para fazer imprensa marron. São muitas pitadas de insegurança e medo como se a democracia corresse risco por causa de quem está no poder!
Mais fácil que haja outro golpe para tirá - la de lá diante de tanto incômodo. Eu gostaria mesmo de saber onde estão todos os que votaram na Dilma? E também gostaria de saber se perder faz parte do processo democrático? E também gostaria de saber se propaganda de calcinha é a prioridade da Secretaria de Assuntos para Mulheres? E também gostaria de saber se vocês sabem que hoje faz 15 anos que o Renato Russo morreu? E por fim gostaria de saber se vocês gostaram da salada de frutas que eu fiz nesse texto?
Pois saibam que a democracia é mais ou menos assim. Pode caber tudo, desde que haja um mínimo de respeito ao próximo e que as pessoas saibam até onde cada um pode ir.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Sensações

Um amigo me falou da sensação de que o tempo anda passando rápido demais. Estávamos relembrando como o tempo demorava a passar quando éramos crianças.
Na verdade não tínhamos tantas coisas para nos tomar o tempo. Hoje temos tanta coisa pra fazer, tantos entretenimentos, tantos eventos, internet, enfim, quando vemos já passou da hora de dormir.
Já é hora de acordar e partir para outro dia turbinado de informações e pouco tempo para pensar.
Na verdade sinto que se tirarem da gente, do nosso dia a dia a TV e o computador o mundo vai voltar a passar muito mais devagar.
O ócio produtivo voltará a acontecer. Como isso é impossível, melhor reservar parte do dia para  deixar a vida passar. Nem que seja meia hora.
É nesse momento que iremos sonhar, refletir, reordenar ou desorganizar tudo de vez. É esse tempinho que nos dará um rumo novo, um alinhamento diferente ou o desalinho, sei lá!
Cada um procura ser aquilo que lhe faz melhor. Imagino que para uns seja de um jeito e para outros de outro.
Isso não tem regra de certo e errado.
Nem minha meia hora deve ter tom de conselho. Mas moro numa cidade de praia e cada vez que paro diante do mar por minutos, sinto a diferença. Penso na minha vida, na dos outros, revejo flashes.  Vou e volto. Assisto a minha TV de um jeito diferente. Respondo coisas no meu computador, vejo sites e navego. Viajar é preciso.
 Preciso do tempo do nada todo dia porque pra mim esse tempo é tudo!

Não Consigo Entender!

Sinceramente não consigo entender por que a programação de TV melhora tanto na madrugada (boas reportagens, viagens,  filmes, curiosidades, entrevistas, enfim).
Sou obrigada a crer que estes programas não são do interesse de muita gente e por isso são colocados nas programações da madrugada ou então não teria lógica nenhuma. Normalmente as pessoas dormem à noite. Eu inclusive, mas confesso que ando abusando da possibilidade de ter horários muito flexíveis para trabalhar. Assim tenho o privilégio de ampliar meus conhecimentos e ainda tenho o prazer de assistir bons programas.
Seria interessante se mais gente pudesse experimentar pelo menos. Assim, experimentando novos horários com boa programação talvez fosse possível descobrir um público novo e que também sairia ganhando muito.
Afinal a TV é uma das grandes responsáveis pela comunicação de massa no mundo. Falem o quiser mas a TV ainda é uma grande máquina a conviver com as pessoas de todas as faixas etárias, de todos os níveis, classes, cores, religiões, vivências. É fundamental utilizar um veículo como esse , quase imprescindível em mais de 80% das casas brasileiras para divulgar e difundir informação de qualidade. Isso pode - se ter entre 1 e 6 da manhã! Assim poucos podem ver coisa boa e muitos ligam a TV para haver algum barulho.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Levantando

Parece que o Avaí está tentando se livrar do rebaixamento.
Ganhou de 3 a 0 hoje.
Vamos esperar para ver, ainda tem umas 10 rodadas nesse campeonato. Acho muito possível! E o Santos, bem que podia ir para as cabeças. Tem condições pra isso.  Sufoco besta esse de ficar mais pra lá do que pra cá.
Tá em 12° , pode muito bem pular até o quarto ou quinto lugar, o que seria ótimo também!

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Desabafo


Há uns anos atrás, especificamente em 2006 soube que a Prefeitura de Santos e a Unisantos tinham firmado um convênio e que os funcionários ( como era meu caso) teriam direito a um desconto de 25% nas mensalidades das pós graduações. A Unisantos por sua vez concedia desconto de mais 25% para aqueles que fossem  ex alunos. Eu que havia cursado a graduação na Unisantos teria direito a 50% de desconto no curso de pós.
Movida por esse incentivo financeiro e desejando aprender ingressei no curso de especialização. Ficou acordado à época entre a Universidade e a Prefeitura que haveria uma lista encaminhada das Secretarias do Poder Público para a faculdade a fim de que fossem citados os interessados e assim concedidos os devidos descontos.
Assim foi feito. Ocorre que meu nome e de mais duas colegas não foi colocado na lista por um lapso de uma das assessoras da Secretaria de Assistência Social da Prefeitura. 
Logo no primeiro mês percebemos que havia algo errado já que aproximadamente 30 pessoas haviam recebido 50% de desconto como deveria ser e apenas nós três não. Logicamente fui saber internamente o que havia ocorrido para depois ir falar com alguém da Universidade que pudesse resolver o "erro" de terceiros que afetava diretamente a mim.
Descobri que haviam "esquecido" de inserir as pessoas do Departamento da Secretaria (chamado de proteção especial que era o nosso na tal lista), constando as 30 pessoas da Proteção Básica. ( Vale o informe de que as duas responsáveis, cada uma por um departamento não se entendiam bem, havia divergências entre ambas. )
Uma  não fez a inclusão de nossos nomes na lista e a outra também não. (Não sei se isso revela algo também...) 
Logo que detectamos o erro iniciou - se a via sacra... conversas na Secretaria a qual eu pertencia e na Universidade a fim de que fosse reparado o erro. Foram encaminhados e-mails e ofícios com demoradas ausências de resposta da Universidade até que passados longos 10 meses a Unisantos informou que: "como o curso tinha tido muita procura e não estava dando lucro, poderiam apenas ofertar 40% de desconto se fosse o caso". Parecia favor e não direito!
Ora pois... Pergunto eu: - porquê teríamos 40% de desconto e os demais 50% sendo que as alegações não diziam respeito a nada que pudesse ser plausível. De um lado fomos vítimas de um erro do nosso departamento dentro da Prefeitura, de outro não tínhamos nada a ver com a falta de lucro e excesso de procura do curso na Universidade. 
Aí começou a saga. Uma de nós três começou a pagar com 25% de desconto porque entre o início do curso e a resposta final ela havia terminado o contrato com a Prefeitura e não sendo funcionária de carreira passou a ter apenas os 25% de desconto apenas por ser ex aluna.
Uma outra deixou de pagar como eu, até que tivéssemos o veredito uma vez que recorremos da alegação dos 40% na Universidade. Vale ressaltar que a Prefeitura retirou - se da conversa ( discussão/ mérito da coisa) ao receber a "proposta" de 40% e nos encaminhar como o máximo que puderam fazer.
De novo pareceu - me favor e não reparação de um erro.
Passamos então a ter um problema particular e não mais institucional.
Passamos a ter que requerer sozinhas nosso direito. Essa colega e amiga num dado momento depois de terminarmos o curso e nada estar resolvido foi procurada por um advogado e seu pai resolveu pagar tudo o que ela devia para "evitar problemas". Eu nunca fui procurada por advogado algum! Frise - se que aguardei mas não ficaria satisfeita em pagar com 25% de desconto como ela ( seu pai) fez. Não estava correto. 
Então em 2010, julho aproximadamente, recebi uma oficial de justiça em minha casa às 7 da manhã com ares de “p. da vida” dizendo que era a terceira vez que me procurava e que eu nunca estava. Muito engraçado, se não fosse triste, é que como sou servidora pública. Seria muito lógico me achar na Secretaria a qual pertenço há 18 anos não acham? Mas, enfim... Recebi um documento me dando prazo de 15 dias para constituir advogado e pela última vez me pronunciar por que havia uma ação contra mim proposta pela Unisantos com entrada em 2009. No processo eles afirmavam que eu devia e que deveria pagar com os 25% de desconto. Ora, nunca me neguei a pagar, mas desejava e desejo ainda pagar o que é justo.
Paguei para uma advogada entrar com uma espécie de defesa ( me desculpem não sou advogada e não sei utilizar os termos exatos). O que ela fez foi anexar minhas provas: os e- mails e ofícios e a resposta da Unisantos dizendo dos 40% de desconto, mais as listas que não citavam meu nome e outras listas que citavam pedindo o desconto igual aos demais servidores públicos ex - alunos da Universidade. Pediu ainda que testemunhas fossem ouvidas, dentre as quais a pessoa que “esqueceu” nossos nomes que no final era apenas o meu nome já que todo mundo pagou, menos eu. 
O que eu consegui com isso? Uma audiência de conciliação no corredor do fórum. Era o advogado da Unisantos com listas de valores que se aproximavam de R$ 10 mil e minha advogada dizendo que eu deveria aceitar um dos acordos. Vejam quais: 
1 - pagar com 50% de desconto a vista mais as custas do processo. Cerca de R$ 6.500 em parcela única no dia seguinte da conciliação. 
2 - pagar próximo de R$ 8 mil em prestações que o advogado gentilmente me possibilitaria. Quatro vezes. Vejam que espetáculo de conciliação. 
A conciliadora no corredor falava para a minha advogada: - Dra. esse processo é de 2009, a juíza já está finalizando tudo de 2010, vê se faz um acordo aí.
E eu pedia para a minha advogada solicitar que as minhas testemunhas fossem ouvidas. Apenas isso, já que no site da Unisantos atual está dito que se concede desconto de 15% para ex- alunos e nada mais consta dos 25% de 2006. 
Minha advogada querendo muito que eu fizesse o acordo me dizia: - Cláudia, melhor fazer o acordo do que aguardar a sentença. Se a juíza "quiser" ela manda você pagar 100% da causa num prazo de 15 dias e você pode “se dar” mal.
Quem me conhece sabe o quanto a injustiça dos outros me afeta. Imaginem a minha. Eu achava aquilo surreal. Não era possível que eu fosse ter que fazer um acordo daqueles dois. Sem comentários...
Disse para minha advogada que não faria esse tipo de acordo, que faria um acordo decente, possível de pagar. Dentro de uma lógica seria o valor que eu devo, com juros e correção, com 50% de desconto em algumas vezes já que a parcela mensal do curso era de R$ 290 sem desconto e R$ 145,00 com o devido desconto. Disse que aguardaria a sentença acreditando que a juíza leria o processo pelo menos e veria muita coisa a meu favor.
O advogado da Unisantos manda dizer através da minha advogada ainda na conciliação que se eu não ficasse "boazinha" “ele” não me permitiria pagar em vezes caso eu perdesse a ação.
Nessas alturas diante da conduta da minha advogada, imaginei que a causa estivesse mesmo perdida. Se nem ela estava me ajudando, imagine os demais. Mas, insisti em acreditar na justiça.

DESFECHO:

Fui sentenciada gente! Dia 14 de setembro saiu o veredito. Fui condenada a pagar o que devo com apenas 25% de desconto por falta de provas e apenas indícios com relação ao alegado por mim. Provavelmente a juíza imaginou que eu fosse uma louca né? Afinal de onde eu tirei essa idEia de 50% de desconto? Deve ter sido imaginação minha!!!
Fui literalmente à loucura! Que país é esse!!!!!??????!!!!!!????? Que país é esse!? 
Estou recorrendo, obvio. Tive que pagar para outra advogada para recorrer. São custas e honorários por minha conta. Baratinho, baratinho sabe!!!! Mas vou recorrer, aliás, já estou recorrendo.
Moral da história comprida: pode? 
Minha intransigência não é com relação ao que devo, mas com referência a forma como as coisas se dão e como a justiça é falha e injusta. Chega a ser cretina em dados momentos. Melhor dizendo, nem sei se é a justiça, mas os operadores dela. Não sei até agora qual é a cara da juíza. Não falei uma linha. Não pude ofertar minhas provas testemunhais. Estou sentenciada. Simples assim. E minha advogada ( a da conciliação) me avisa do fato dizendo: - te falei “né” Cláudia? Vai lutar contra todo um sistema? Não dá certo!
Eu respondi: - vou sim. Se não fizer isso, não posso ficar em paz. Não vou ceder a essa onda de barbaridades e a banalização da pessoa em favor das instituições não. Posso perder a causa, mas não posso é me conformar com isso nem me perder!
Essa juíza tem chefe e é para ele que vou rogar que pelo menos tentem fazer justiça. 
Foi só um desabafo de alguém que diante disso não pôde deixar de pensar: imaginem pessoas que perdem a liberdade em nome de tamanho descaso com as vidas individuais, com os direitos individuais. Imaginem pessoas que não possuem a mesma possibilidade de argumento que eu. Imaginem se neste país por vezes não é possível compreender pessoas que fazem ilícitos diversos frente a tamanho descaso da justiça brasileira.
Falando sério, tudo isso á muito triste.
Meu empregador se lixa para mim.
Problema causado por pessoas da máquina pública e que são responsabilidade da Prefeitura. Meu empregador retirou - se da discussão e me deixou sozinha. Minhas colegas retiraram - se e cada uma com seus motivos me deixaram sozinha. A universidade CATÓLICA de Santos não teve a menor relação com a verdade e agiu de má fé ao colocar no processo apenas meu contrato com 25% de desconto no curso. Esqueceram de colocar que sou ex- aluna e que tenho direito aos demais 25% de desconto. Não estou falando isso para ser vítima, mas fala sério!!!
Eu, mais uma vez vou à luta. Mas juro que estou ficando muito cansada! É muita gente acreditando que não se pode fazer nada. Talvez eu é que esteja fora de contexto, mas informo que por enquanto, pretendo morrer assim.  

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Amália Rodrigues - Meu Amor é Marinheiro

Meu amor é marinheiro
E mora no alto mar
Seus braços são como o vento
Ninguém os pode amarrar.

Quando chega à minha beira
Todo o meu sangue é um rio
Onde o meu amor aporta
Seu coração - um navio.

Meu amor disse que eu tinha
Na boca um gosto a saudade
E uns cabelos onde nascem
Os ventos e a liberdade.

Meu amor é marinheiro
Quando chega à minha beira
Acende um cravo na boca
E canta desta maneira.

Eu vivo lá longe, longe
Onde passam os navios
Mas um dia hei-de voltar
Às águas dos nossos rios.

Hei-de passar nas cidades
Como o vento nas areias
E abrir todas as janelas
E abrir todas as cadeias.
 
Meu amor é marinheiro 
e mora no alto mar
coração que nasceu livre
não se pode acorrentar

Assim falou meu amor
Assim falou-me ele um dia
Desde então eu vivo à espera
Que volte como dizia. 


Amália Rodrigues

Descobrimento


Abancado à escrivaninha em São Paulo
Na minha casa da rua Lopes Chaves
De supetão senti um friúme por dentro.
Fiquei trêmulo, muito comovido
Com o livro palerma olhando pra mim.
Não vê que me lembrei que lá no Norte, meu Deus!
Muito longe de mim
Na escuridão ativa da noite que caiu
Um homem pálido, magro, de cabelo escorrendo nos olhos,
Depois de fazer uma pele com a borracha do dia,
Faz pouco se deitou, está dormindo.
Esse homem é brasileiro que nem eu.

Mário de Andrade

TRADUZIR-SE

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?