terça-feira, 3 de maio de 2011

Aos meus amigos

Escrevo aos meus amigos como uma homenagem. Àqueles que estão casados, descasados, procurando alguém, mas todos, sem exceção, muito vivos. Escrevo a várias histórias de amor a minha volta e que permitem que tudo caiba e que todos caibam. Aos meus amigos os grandes poetas... os inesquecíveis e brilhantes poetas. Aos meus amigos o maior e melhor de mim, o meu amor que é para cada um. 
Cláudia



Tão bom morrer de amor e continuar vivendo.

Cada qual sabe amar a seu modo; o modo, pouco importa; o essencial é que saiba amar.

Todas as cartas de amor...
Fernando Pessoa
(Poesias de Álvaro de Campos)

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)


Álvaro de Campos, 21/10/1935




"O Amor...

É difícil para os indecisos.
É assustador para os medrosos.
Avassalador para os apaixonados!
Mas, os vencedores no amor são os
fortes.
Os que sabem o que querem e querem o que têm!
Sonhar um sonho a dois,
e nunca desistir da busca de ser feliz,
é para poucos!!"

Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve...

SONETO ANTIGO

Responder a perguntas não respondo.
Perguntas impossíveis não pergunto.
Só do que sei de mim aos outros conto:
de mim, atravessada pelo mundo.

Toda a minha experiência, o meu estudo,
sou eu mesma que, em solidão paciente,
recolho do que em mim observo e escuto
muda lição, que ninguém mais entende.

O que sou vale mais do que o meu canto.
Apenas em linguagem vou dizendo
caminhos invisíveis por onde ando.

Tudo é secreto e de remoto exemplo.
Todos ouvimos, longe, o apelo do Anjo.
E todos somos pura flor de vento.

Um comentário:

  1. Se me ponho a cismar em outras eras
    Em que rí e cantei, em que era querida,
    Parece-me que foi outras esferas,
    Parece-me que foi numa outra vida...
    E a minha triste boca dolorida
    Que dantes tinha o rir das primaveras,
    Esbate as linhas graves e severas
    E cai num abandono de esquecida!
    E fico, pensativa, olhando o vago...
    Toma a brandura plácida dum lago
    O meu rosto de monja de marfim...
    E as lágrimas que choro, branca e calma,
    Ninguém as vê brotar dentro da alma!
    Ninguém as vê cair dentro de mim!

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