quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Testes da vida!

Faz um ano que a região serrana do Rio esteve embaixo dágua e ainda tem gente procurando parentes. Faz dois anos do deslizamento de terra na Ilha Grande e tem gente que ainda não conseguiu reconstruir nada. E assim vai fazendo aniversário vida afora. Aniversário de vida, de morte, aniversário de descaso, de superfaturamento. Aniversários mil. São os tais testes da vida. 
Aí sai um louco em São Paulo batendo carros  e atirando nas pessoas pelas ruas. Bem que tava fazendo aniversário a situação do jovem atirador do cinema... do maluco do santodaime... Fazendo aniversário das crianças mortas e feridas pelo atirador na escola carioca... Parece que sempre tem que ter um louco na mídia prá gente parecer normal.
Ficamos perplexos diante da TV e depois? Tudo passou? Aparentemente tudo volta ao seu "normal". Na verdade para os diretamente afetados nada mais volta ao normal. É preciso recriar um tempo e um jeito de viver depois das tragédias.
Talvez seja preciso que nossa alienação frente os fatos se altere. Talvez devêssemos pedir por soluções efetivas mais que enviar mantimentos nos casos das tragédias naturais. E no caso dos loucos de rua que nós mesmo criamos devêssemos olhar para o que está acontecendo.
Me pergunto se serão mesmo tragédias naturais? Com tanta gente morando nos morros, nas encostas , em locais inapropriados e dos quais a natureza tem o registro de posse? Tragédias anunciadas talvez coubesse melhor.
Já a fábrica de loucos que fazemos é talvez bem mais complexa de diagnóstico. Afinal é uma mistura multifatorial irreversível e caótica. Assim como há mais de 20 anos o mundo apresentou o AZT para o HIV, teremos que nos debruçar no laboratório da sociologia, antropologia e química para podermos arrumar um paliativo capaz de nos consolar.
Mais que isso, precisamos de uma vacina que nos garanta que essa loucura urbana não pega. 
Acho que tenho visto muita gente contaminada. É gente que briga no trânsito por meio milésimo de segundo na frente de outro carro. Piloto de Fórmula Um urbana. Mônaco tupiniquim.
Vejo gente com raiva nas caixas de supermercado porque o idoso não foi para "a fila dele" e fica atrapalhando "a nossa".
(Para o caso dos idosos fico me perguntando se o sonho nosso geral, coletivo, maior, quase onipotente não é exatamente o sonho de envelhecer? Afinal se não envelhecermos, vamos morrer antes. E assim me pergunto porque os idosos mobilizam com sua simples existência tanto desconforto, desrespeito e descaso a alguns? Seria nossa dificuldade de lidar com o espelho?).
É possível ver ainda pessoas pedindo passagem para atravessar as ruas, são os pedestres. Muito prazer! Pilotos imbecis aceleram ao invés de frear suas motos, bikes, carros, até skates.  Acho que não sabem bem do que se trata! É gente amigo, ser humano!
Por fim e talvez pior, é possível ver gente tratando muito mal gente, só por não ser "conhecida". Cabe a lembrança de que a humanidade é uma só e abrange todos os humanos existentes, todos os vivos. Portanto, todos somos conhecidos.
Assim, melhor dar um sorriso, cumprimentar, tratar bem. Sem isso mais gente vai atirar na gente!

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